sexta-feira, 2 de março de 2012

"Não tumultuar a vida", por tia Key.

Sonhei tanto estar no mestrado, seguir vida acadêmica, fazer parte da "elite pensante" desse país. Pra isso, estudei muito, rabisquei quase todas as paredes dessa casa com o que aprendia, com as teorias que não podia esquecer, muito menos o nome daqueles fulanos que as formularam. Muito esforço e consegui! Ingressei para a "elite", e ainda recebendo por isso. Lembro-me como se fosse hoje o dia em que vi o meu nome lá, entre os aprovados. Chorei, pulei, gritei, chorei, sorri, agradeci....uma alegria que não se pode mensurar.

Passada a euforia da conquista, começou a realidade: o estudar (muito), o ler (muito), o escrever (muito). No mestrado, ao menos para mim, tudo tinha que ser 'muito'. Não porque eu desejasse isso, mas porque era o "muito" que me era cobrado. Estas muitas obrigações tiveram que ser conciliadas com a escola, com a minha face profe. O mais difícil, entretanto, foi conciliar os 'muitos' tudo o que eu tinha pra fazer com a pessoa Flávia, que precisava (e precisa) viver, conhecer o mundo, além daquele das obrigações.

O que resultou de tudo isso? Tanta coisa.

Sem saber como, conclui a primeira etapa do mestrado muito bem, academicamente falando; o trabalho....esse não se realizou como de costume, não fui a profe Flávia que sempre fui, nem a que almejo ser; a pessoa Flávia viveu grandes experiências, sorriu o máximo que podia e chorou até a última lágrima.

Muitas emoções para um só ano.

Começo a segunda etapa do mestrado, que agora será na minha home sweet home, será mais tranquila, não porque o processo seja assim: mais leve...mas porque eu decidi que deve ser mais tranquilo, sem cobrar de mim mesma mais do que eu posso dar; o trabalho, este sim, receberá mais cuidado; a pessoa Flávia decide que será mais frequentemente apenas Flavinha, Flá...que tratará de buscar o jeito mais fácil de viver a vida (o que não implica acomodar-se, deixar de sonhar e lutar pelos sonhos). Só decido optar pelo simples, pelo hoje, não negligenciando o futuro, mas não vivendo em função dele.

A academia, aquela do sonho, existe, eu estou nela! mas com ela há também um mundo em que o simples parece não existir. Não basta estar entre os bons (bons em quê?), tem que estar entre os melhores (melhores pra quê, pra quem?). O SIGA diz que eu consegui. Mas que preço estou pagando por isso? Não é ingratidão, de forma alguma, é apenas uma reflexão.

Às vezes é preciso uma pancada da vida que nos faz parar e pensar: "que vida é essa que estou vivendo? O que de fato eu quero mudar? O que é preciso mudar?" Parece que eu já respondi essa pergunta nessas linhas que aqui escrevi....e, principalmente, no meu coração.

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